terça-feira, 12 de maio de 2015

A Beleza de Fate/Zero

Meu edredom tem vida. Sim, é uma afirmação absurda, mas você tem que convir que isso é o que eu mais faço. Ignorando isso, volte à frase. Sim, meu edredom tem vida. Vida, magia, fogo, sangue e runas. Só isso explica a estranha sedução que este causa em mim todas as manhãs. Meu edredom me faz perder amigos, dinheiro, aventuras, confiança, tudo isso e muito mais. Entrelaçado com ele, eu não sou "eu", mas sim uma estranha forma de vida zumbi, guiada pelo desejo do grande cobertor marrom. Talvez ele seja igual aos simbiontes da Marvel. Formas de vida sem forma que grudam em seres vivos e formam laços de dependência mútua. Ele precisa de mim tanto quanto eu preciso dele, e "nele" é que eu tomo decisões estúpidas, como continuar à dormir quando na verdade não estou com um pingo de sono. Então, amigos, me perdoem pelos meus pecados. Pois eu não sou mais o Adler jovial e com o júbilo de leões dentro de mim. Sou Aldre, essa entidade formada através de tecido, areia de Morfeu e enchimento.

Bem, de tempos em tempos eu sou obrigado à acordar às 5:00 da manhã para vir escrever textos (e trabalhar nas horas vagas). Algumas vezes me arrependo, em outras eu fico ansioso. Este é o último caso, já que eu entrei de cabeça em um turbilhão de episódios seguidos desse anime e decidi que nem mais um dia poderia se passar sem eu falar do meu amor por Fate/Zero.



Sinopse Básica

Fate/Zero é, originalmente, uma light novel que serve como prequel para Fate/Stay Night, uma visual novel da Type-Moon, uma empresa de jogos conhecida por esse gênero de "jogo-livro". Em 2011, foi transformado em um anime de 25 episódios (todos encontrados de graça no delicioso Crunchyroll) pelos estúdios Ufotable.

A história é mais simples do que esses termos doidos: existe uma guerra que acontece a cada 60 anos. Chamada de Holy Grail War, ela é travada por magos por causa do Santo Graal, um artefato poderoso que concede qualquer desejo pedido. Porém, só concede à uma pessoa, originando a guerra por sua possessão. Para participar desta guerra, é preciso ter algum tipo de conhecimento/habilidade como mago e também ter algum desejo à ser concedido. Quem escolhe seus participantes é o próprio Graal, e ele jamais escolhe alguém que não tem nada à desejar. São sempre escolhidos SETE magos, que durante a guerra se tornam Mestres. À esses mestres é concedido uma marca vermelha nas costas da mão direita chamada de "Command Spell" (Feitiço de Comando). A marca é feita de 3 Command Spells, e são eles que identificam alguém como um Mestre digno do Graal.

Entender o significado desses comandos fica mais fácil quando você descobre a outra parte da Guerra: os Servos. Cabe aos sete mestres, usando círculos de invocação e artefatos antigos, invocar um Servo para lhe ajudar na Guerra. Servos são, normalmente, espíritos heroicos, heróis que viveram na Terra há muito tempo e que, após a morte, tem suas almas levadas até um "banco de dados" de Servos. Desde que você tenha um artefato pertencente àquele herói e mana suficiente para suprir a materialização dele, você pode invocá-lo à qualquer momento. Uma vez invocado, o espírito daquele Servo te acompanhará para todos os lugares, se materializando quando necessário. A parte legal (se você já não achou tudo isso muito foda) disso é que são heróis da história e de lendas. Você pode invocar Robin Hood, Rei Arthur, Pedro Álvares Cabral, Napoleão, Hércules. E é esse Servo que vai lutar ao seu lado na Guerra, já que ele tem habilidades super-humanas. Para garantir isso que o Mestre possui os comandos. Os três comandos podem ser usados pelo Mestre para ordenar algo ao Servo que este será incapaz de não obedecer. Comandos também podem ser usados para criar magias e artefatos mágicos, mas aí já estamos saindo da minha alçada.

Pra finalizar, os sete Servos invocados em uma Holy Grail War se encaixam, nem sempre obrigatoriamente, nas sete classes existentes. Essas classes definem parte das habilidades que os Servos terão. São elas:
  • Lancer (Lanceiro)
  • Saber (Espadachim, ou "Protagonista Chata e sem graça")
  • Caster (Algo como Mago ou Bruxo)
  • Rider (Fica difícil traduzir este. Vamos ficar como "Pessoa que dirige algum veículo, seja vivo ou inanimado")
  • Archer (Arqueiro)
  • Berserker (Porra-Louca)
  • Assassin (No kidding?)


A História DEFATO

Bem, Fate/Zero se passa durante a 4ª Guerra do Santo Graal. O protagonista aqui é Kiritsugu Emiya, assassino profissional e um "caçador" de magos conhecido como Magus Killer. Ele é contratado por uma das 3 principais famílias da Guerra, os Einzbern, para ganhar a Guerra em nome deles. Para isso, a família o presenteia com o maior artefato possível de todos, Avalon, a bainha da espada Excalibur do Rei Arthur. Com isso, Kiritsugu invoca Saber, uma mulher que admite ser Artoria Pendragon, o "Rei Arthur" das lendas. Outros 6 Mestres invocam outros 6 Servos através do mundo, porém, um complô é formado por dois mestres para, através de manipulações, assassinarem os outros Mestres e Servos e ficarem com o Graal para eles mesmos.

Animação

Então. Recentemente, revelei para todo o mundo que, desprovido de qualquer hipérbole, Fate/Zero foi o melhor anime que já vi em minha vida. E até agora isso ainda está para ser revogado. Independente de qualquer anime que tenha visto em minha infância (como DBZ, CDZ, YuYu, Rurouni Kenshin, Inuyasha) ou que tenha visto já grandinho (Free!, Jojo, HunterxHunter, Bleach), Fate/Zero precisa ser analisado como a obra de arte que é. E eu não entrego o título dourado à qualquer um.

Bem, a animação em si é impecável. De encher os olhos. Daquelas que você quer ver no escuro, para aumentar os efeitos de iluminação utilizados. Uma animação que talvez eu até tenha visto em algum outro anime, mas não tinha a sensibilidade de notar sua qualidade. Cores bem nítidas, contraste impecável, sombras bem utilizadas. É bem fácil se perder nas paisagens e esquecer do que está acontecendo em tela.


As cenas de ação carregam sozinhas toda a obra. Não são muitas durante o anime todo, mas são suficientes para te tirar da inércia. Combates bem pensados, que fogem do simples "ganhar por força de vontade e da amizade". São desfechos mais reais, embates mais "crus" que, apesar do uso de magia, nos soam mais reais do que batalhas fantasiosas de pura força e raios de energia. Isso foi uma crítica nada escondida à Cavaleiros do Zodíaco.


Eu simplesmente amo a primeira abertura e o primeiro encerramento. Em maratonas, eu costumo sempre ver apenas a opening do primeiro episódio daquele dia e pulo a dos outros. Com Fate/Zero isso não acontece. É sempre gostoso ouvir "Oath Sign" na voz da LiSA enquanto flashes de todos os mestres e servos pulam pra fora da tela. O encerramento também é de encher os olhos, e de muito mais importância para a trama, pois mostra breves cenas das vidas passadas dos espíritos heroicos. Uma pena que esse prazer se perde com a neutra segunda abertura e o péssimo segundo encerramento.

Roteiro

Por ser uma prequel, Fate/Zero tem buracos que precisa preencher. Ele precisa ligar diversos pontos da trama principal e futura, Fate/Stay Night. Porém, em uma inversão de papéis graças a eu ter visto Zero primeiro, foi Stay Night que acabou com o papel de interligar os fatos e servir como uma continuação (aparentemente não TÃO boa) para Zero. Engraçado que hoje eu não consigo enxergar como seria ver Zero depois de Stay Night. Não sei que tipo de trama se formaria em minha cabeça. Fico feliz pela troca, no entanto. É muito gostoso hoje ver a continuação e perceber as consequências que a trama anterior causaram neste mundo. Personagens que eram participações especiais em Zero crescem aqui em Stay Night, e por isso eles carregam uma importância diferente. Fatos que deveriam me deixar intrigados em Stay Night na verdade são coceirinhas feitas para eu rir e pensar: "Inocentes crianças, não sabem de nada :3".

Sendo assim, Zero é muito mais adulto e delicioso de se consumir. Uma história muito mais dark e que mexe com temas mais complicados, como auto-preservação vs paz formada através de tragédias. Um anti-herói que você ama e odeia, coadjuvantes muito mais interessantes do que diversos personagens que você já viu na vida. Uma guerra muito bem elaborada, com regras fáceis de se entender e embates gostosos de se assistir.

De fato, Zero tem, pelo que vi até agora de Stay Night, muito mais pra se aproveitar. Não vejo UM motivo pelo qual alguém teria que perdurar a série principal para só depois assistir sua origem.

Como te odiar no final, Kiritsugu? ):

Resumo

Acredito ter já justificado o título que dei para esse anime, mas resumo aqui o veredito.

Fate/Zero foi uma recomendação de um amigo (grande Nii-Senpai, também conhecido como Thiagão do Tamborzão) que veio a calhar. Eu já tinha conhecimento do universo Fate, mas por culpa de fandom e do anime antigo, feito por outro estúdio, eu tinha um certo preconceito com a série. Não entendia que existia um universo incrível explorado em diversas outras mídias e séries. Não sabia isso poderia ser mais do que um jogo que se lê cujo objetivo é comer uma entre três garotas, uma delas sendo o Rei Arthur.

Hoje, sim, posso me livrar de toda essa carga negativa que tinha e abraçar o amor que tenho pela série. Já existem outros títulos de Fate que estou querendo ler, jogar e assistir, e nada seria possível se não fosse o belíssimo Zero pra me conquistar. São episódios que, separados, muitos dariam filmes maravilhosos e impactantes por si só. É um trabalho inacreditável de animação e roteiro, tudo para me mostrar o quão profissional e maduro um anime pode ser, calando muitos que adoram criticar o gênero.


Se recomendo? Olha, eu te passei o link ali em cima (e repito aqui www.crunchyroll.com/fate-zero). É de graça, é HD e é DO CARALHO. Você não vai se arrepender :)

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