terça-feira, 28 de abril de 2015

O que achei de Demolidor (1ª Temporada)

Eu não sei se já falei isso nesse blog, mas o meu coração é vermelho....bem vermelho....

...e com um logotipo branco tatuado em cima, escrito com letras garrafais a palavra "MARVEL".

Curioso, não?

Bem, dado esse precedente físico em minha pessoa, não é de se admirar que eu bato ponto na Casa das Ideias. Faço preço diferenciado na "Casa M". Em outras palavras, sou a putinha da editora. E de tudo que ela faz.
Isso inclui, por exemplo, filmes e séries. Esse último eu só posso dizer agora, porque nunca fui atrás de Agents of SHIELD ou de Agent Carter. Mas de qualquer jeito, sou um fã ávido do MCU (Marvel Cinematic Universe).
Qual foi, então, a minha alegria ao saber que não só os direitos de Demolidor (entre outros) tinham voltado para a Casa Mãe, mas que também seria feita uma série com o mesmo. Não só uma série, mas uma série NETFLIX (dizem que se você enxergar o meu coração com um lente de aumento bem potente, verá que o logo da Marvel é feito de microscópicos logos da Netflix). Não só uma série da Netflix, mas uma que se conecta com o bendito MCU.

Sim galera, eu estava muito animado para essa série. E sim, eu saí dela muito satisfeito. Aqui você lerá o que achei dessa belezura, mas não antes de eu avisar: NÃO, não conto nenhum spoiler :)



Tato (Enredo)

Afinal, conseguiram criar e adaptar uma boa história do herói para a série?

Bem, sim. Muito. Eu diria que é uma das melhores adaptações que já vi (pena que o Matt não viu, não é?). Eles souberam como incluir e mesclar vários aspectos de diferentes fases do Demolidor em uma roupagem bem definida e "moderna". É o Demolidor ideal, aquele à quais todos serão comparados daqui pra frente.


As tramas funcionam como arcos de quadrinhos. A temporada começa com um arco mais diluído, sem vilões muito certos e com um mistério no ar que faz os personagens se indagarem cada vez mais. E depois a trama fica mais densa, com papéis bem definidos em uma espécie de "guerra" invisível para ver quem desmascara quem primeiro. Ao todo, uma grande série nada "alegre" que fala dos problemas mais reais das cidades: a violência, o crime, os demônios que existem entre nós no mundo real.

Como início do herói, gostei de muitas escolhas que fizeram ao longo da série. Dá pra acreditar no Demolidor ao ver o quanto ele é ingênuo e novato no começo dessa carreira. Seja no tribunal ou nas ruas, Matt ainda não tem um "modus operandi" muito certo. Ele vai se adaptando conforme "vê" que os métodos vão dando errado, que é preciso se cuidar mais se quiser ser um vigilante.

Por sorte, a trama não é somente focada no heroísmo de Matt. Vários núcleos são apresentados, e temos o ponto de vista desses acontecimentos de várias áreas diferentes, como o jornalismo, a justiça, a força policial, os moradores de Hell's Kitchen. Até mesmo o lado "vilão" é bem humanizado e tem o seu ponto de vista abordado. É uma série de humanos, e não de deuses.



Paladar (Elenco e Personagens)

Quais são os personagens que dão sabor à essa trama? E o quão bem selecionados foram os atores ingredientes dessa série?

Vou tentar ser breve com os necessários e darei mais foco naqueles que mais gostei.

Charlie Cox não é a pessoa que eu imaginava para ser Matt Murdock. Eu sou daqueles que só conhece nomes de atores depois que eles estão BEM famosos, então minha escalação provavelmente pediria alguém bem grande, como, sei lá, Jake Gyllenhaal. Mas devo me calar como o ignorante que sou, pois o ator mandou muito bem. Diferente de certos heróis que, seja por causa do ator ou por causa da produção, passam mais tempo com o rosto descoberto enquanto agem (como um Capitão América que não conhece a palavra CAPACETE), Charlie se submeteu à uma máscara que tampa metade do seu rosto O TEMPO TODO. Assim, quando atua como o "Mascarado", ele tem todo o mérito por dar vida e estrutura para um personagem cuja boca é o único escape da atuação. E como cego ele também manda muito bem, incorporando as manias faciais e os hábito rotineiros das pessoas com essa deficiência. Ele sabe dar a carga emocional que o personagem requer, principalmente em seus diálogos mais sinceros e melancólicos na igreja.

Eu ACHAVA que não conhecia Vincent D'Onofrio. Até descobrir que ele fez o vilão do primeiro "Man In Black", e tudo se encaixou. Ele é conhecido pra caralho, eu que era o sonso de não saber quem era. Aqui, ele é Wilson Fisk. Um personagem que, admito, conheço e me interesso há bem mais tempo do que o Demolidor. Desde suas aparições no desenho do Homem-Aranha de 90 até a muito falada participação no filme da Fox, o Rei do Crime sempre me interessou bastante. Principalmente por ele não ser um vilão único de alguém, mas sim um chefão à qual todos os heróis urbanos de Nova York acabavam enfrentando. Aqui, porém, temos a origem desse Rei. E ela é muito bem executada, devo admitir. Tanto pela história e background que deram ao personagem quanto pela atuação digna de Emmy que Vincent entregou. O tempo todo você sente que Wilson Fisk é uma montanha, um urso enjaulado esperando para explodir, mas que se contém perante a sociedade para poder ser aceito como um homem de bem. Uma bomba de fúria que transparece através de suas mão inquietas, de sua voz estranha, de suas expressões.

Os coadjuvantes tiveram todos o seu destaque. Foggy foi escolhido à dedo, não o enxergo nas mãos de outra pessoa. Karen me surpreendeu, não só pela atuação, mas por sua beleza. Não sei se foi algum efeito de iluminação que deram à garota, mas meu deus, como ela é linda e brilhante. Ter ela em uma cena é tirar TODA a minha atenção.

Stick foi um personagem de um episódio só, mas foi suficiente para roubar a atenção de todos e o consagrar como um dos melhores personagens que foram adaptados. Aguardo ansiosamente a aparição dele em outras séries. Os vilões, os menores e maiores, também me cativaram muito. Os russos em particular. Gostei do Nobu, da Madame Gao, do Leland e, claro, do Wesley. Acho que todos cumpriram seus papéis como "súditos" da corte do Rei.

Porém, reservo um parágrafo para o meu xodó. Não é o meu personagem favorito dos quadrinhos, mas foi o meu dessa série. Ben Urich, interpretado por Vondie Curtis-Hall, sempre foi um personagem crucial nas histórias do Demolidor. É ele, o repórter clássico, que dá o ponto de vista que a sociedade enxergará o herói e suas ações. Praticamente o melhor amigo de Matt, ele vive o conflito de saber a identidade secreta do herói e não poder divulgá-la. Já na série, o personagem acabou sendo menos envolvido diretamente com o Demolidor, mas ainda um personagem crucial em toda a trama. Ele representa aqui um aspecto muito romântico do jornalismo. É aquele repórter que repudia os textos rápidos e frios dos blogs de internet. É aquele repórter de campo, que vai atrás de seus fatos e testemunhas, que está na cena do crime perguntando coisas enquanto anota em seu bloquinho. Foi de fato o personagem que mais me cativou, e fiquei muito feliz por ele ter sua incrível importância no final da série.



Agora que já me estendi falando sobre o que eu tenho convicção e segurança, vou ser mais breve e cuidadoso nessas áreas técnicas.

Visão (Cinematografia)

O quão importante é um take de câmera em uma série sobre um deficiente visual?

Sendo essa uma área que eu gosto muito, posso afirmar que Demolidor tem tomadas incríveis. A câmera, a direção de arte, os ângulos. Eu sei qual a diferença de uma boa direção de arte para uma bem simples, e pude enxergar em Demolidor aquilo que só costumo ver em filmes. Seja o plano-sequência tão bem falado e elogiado, seja a câmera girando em volta de um passageiro dentro de um táxi, seja a própria forma de como a série demonstra os poderes de Matt. É tudo muito bem feito, e de forma inteligente. Pontos para a Netflix.

Audição (Produção)

Ouvir os fãs é um aspecto importante para uma série sobre quadrinhos. Afinal, é preciso fazer o telespectador conhecedor daquela obra se transportar para as páginas que ele lia. É preciso ter o ambiente certo, com as roupas certas e as cores certas.

Também elogio isso na série. Hell's Kitchen nunca foi tão viva quanto aqui. Você sabe a dimensão dos problemas do Demolidor, sabe como o "organismo" do bairro funciona, com os moradores cuidando um dos outros. Dedico elogio mais do que especial para o flashback do episódio 8. Desde a primeira cena ambientada naquela época, eu soube na lata que estava vendo uma cena do passado. A caracterização do bairro, as roupas, até mesmo a música. Tudo soube me transportar para aqueles anos 70.



Olfato (Críticas)

Nem tudo são flores, e não seria diferente com essa série. Afinal, o que não me cheirou bem nisso tudo?

Bem, gostaria de abrir minha reclamação falando sobre a parte "legal" da série. Eu sei que se trata da origem do herói, mas Matt Murdock não é um cara que desistiu completamente de sua carreira como advogado para resolver as coisas como vigilante. Ele sabe, pelo contrário, muito bem mesclar as duas funções, investigando muitas vezes os próprios clientes através da máscara de Demolidor. Essa dualidade e esse trabalho conjunto é o que faz o herói não ser apenas alguém que dá porradas e faz perguntas, mas alguém que investiga bastante os crimes e que muitas vezes os resolve em tribunal. Na série, achei que a parte jurídica logo foi deixada de lado para abordar a trama criminal mais densa. Não fico tão chateado assim pois agora sei que temos uma segunda temporada confirmada, então espero mais desse ambiente e dessa dinâmica de trabalho no futuro.


Outro problema para mim foi o design da roupa final do Demolidor. Em vários aspectos ela é muito bem desenhada e muito bonita, mas quando eu enxergo a imagem maior, o conjunto todo, eu acabo me incomodando. Fica um pouco esquisito, um pouco tosco. Principalmente aquele nariz da armadura. Nada que me faça parar de assistir, mas eu acho que tira do Matt muito do poder de intimidação que seu primeiro traje, muito mais simples, proporcionava. É aquela hora que o mundo real se separa completamente do mundo da série, que assume um lado muito mais surreal dos quadrinhos. Não digo que a máscara é horrível, mas eu gostava mais da máscara do filme, apesar de tudo.



Veredito

Deu pra ver que eu me amarrei na série né? Recomendo-a com todo meu coração marvete, e digo que é uma boa se você tem gostado dos filmes da Marvel. Não por ele ser igual e ter o mesmo ambiente. Não, muito pelo contrário: Demolidor te mostra o outro lado das batalhas. O que acontece depois de uma invasão alienígena acontece em uma metrópole? Para os Vingadores, nada, cada um vai para seu canto e todos vivem mais aventuras. Mas para os seres humanos, há consequências. Demolidor aborda muito bem quais consequências acontecem, e é por isso que eu quero que você o assista. Para saber que heróis não são somente deuses com finais felizes.

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