sexta-feira, 10 de agosto de 2018

One Piece, Ohana e O caralho

Não temos gasolina nos postos, vinagrete no McBrasil e pinturas verdes e amarelas nas ruas. Nossas crianças perderam os desenhos matinais da Globo. Nossos idosos perderam o humor clássico da Zorra Total. O programa "Mulheres" perdeu a Mamma Bruschetta. A Pain perdeu o título de Dota 2. Publicitários quebram a cabeça para definir se o comercial da Dolly para o Dia dos Pais vai ter um orçamento maior do que o preço de um PS3 usado, sem controle e que só vem com Little Big Planet.

Comovido com essa crise monumental na história dessa nação e, inspirado pelo meu instinto cívico, resolvi falar de One Piece.

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O último grande arco do mangá, Whole Cake Island, acabou faz algumas semanas (pelo menos quando eu tinha começado a escrever esse post). Por fora, apenas uma saga que se estendeu mais do que devia, introduziu 35 personagens e, consequentemente, 35 novas páginas para serem criadas na One Piece Wiki, além de trazer uma luta onde Luffy do Chapéu de Palha teve que apanhar tal qual um Rattata selvagem que te tromba depois que tu derrotou a Elite Four.

Ou seja, um arco pós-timeskip como todos os outros.

Mas será que isso é tudo que essa saga teve para nos mostrar? Me acompanhem.


segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

REBOOT (AS 10 MAIORES TRETAS ENTRE YOUTUBERS BRASILEIRO)


Muita coisa muda de um ano pra outro. Tipo os últimos dois dígitos do calendário. Mas tem umas que mudam ainda mais. Tipo redes sociais, ou nós como pessoa também. Essas duas últimas foram cruciais para me afastar do blog por...dois anos? Isso porque os últimos posts nem são de 2015 originalmente, então adicione aí muitos meses a mais.

Por um lado, um blog amador e pequeno como esse depende exclusivamente da minha paixão por escrever e do meu ânimo baseado em quantidade de leitores e nível de interação com público. Por outro, temos um Facebook complicando e dificultando cada vez mais o acesso de curtidores da sua página aos posts dela, obrigando a pessoa a pagar para aquilo ser tão visto quanto era antes, de graça.

O primeiro problema foi o que mais demorou pra ser resolvido. Precisei quebrar a cara algumas vezes, ficar feliz a cada nova curtida que a página ganhava mesmo com o blog morto por anos, me inspirar nessa banda maravilhosa que voltou justamente agora. Sem contar os amigos incentivando o retorno sempre. Demorou, mas hoje oficialmente eu me animei para voltar a escrever.

O problema do Facebook já é diferente. Talvez eu tenha que pagar pra impulsionar certos posts, além de reaprender como se mexe na ferramenta que cuida disso. Mas enquanto isso, vamos fazendo o que dá na mão, compartilhando post na própria timeline e as vezes usando de títulos totalmente chamativos e mentirosos só para chamar a atenção de você, novo leitor que mal conhecia o blog direito. Se o IGN pode fazer, why not?



Agora que enganei todos e voltei no tempo, vamos para o post de verdade.

Se você é uma criança triste que achava que descobriria hoje brigas egocêntricas entre youtubers, fica a lição: Eu menti? Sim, mas não é a vida humana uma enciclopédia de mentiras projetadas para tentar dar sentido aos nossos impulsos, fobias e paixões? Fica aí a reflexão. Abraços.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Por que eu comprei Enigma: o enigma

Publicado originalmente em 05/06/2015
enigma_1440_900Saudações galera. O patrão aprovou o post piloto, a galera foi ao delírio, as visitas ultrapassaram 90% dos meus antigos posts por aqui, e a crítica especializada deu 9/10. Ou seja, continuo eu aqui, nessa sexta-feira, para comentar comentários.
Hoje eu resolvi voltar pro meu lado otaku, muito aflorado pelo meu Twitter, e falar de um mangá. Agora, normalmente eu faria um review, no padrão Adler de ser. Dividindo meus pontos em parágrafos, dando a nota no fim e fazendo ou não a recomendação.
PORÉM, eu gosto de fugir do clichê. E também sou muito bom para falar mal das coisas. E EIS que me aparece um mangá que desperta em mim uma rage nunca antes sentida na atmosfera otakística. Um mangá que me comeu meus bons 13 reais. Um mangá que teve a OUSADIA de me enganar com uma capa ligeiramente boa e uma sinopse safada. Por isso, hoje não farei nenhum review. Farei uma FOGUEIRA com esta merda chamada Enigma.

Lição 1: Como enganar um leitor

Antes de tudo, venha comigo analisar essa capa:
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Até que é bonita, não?
Mas perceba as referências. Primeiro temos a formação clássica desse painel. São diversas pessoas, cada uma representada com uma pose e tamanho diferente, mas todas compondo um "grupo". Como se esse fosse um mangá sobre um grupo de pessoas especiais, que por acaso também são estudantes do colegial. E, pra dar um ar de diferente, tem um mascote desenhado (com esmegma e massa fecal) ali no meio, com traços infantis. Que daora! :D
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Isso sem contar que temos na capa um personagem quase gêmeo do Raito Yagami e um cara aleatório com tapa-olho à lá Katekyo Hitman Reborn. Mas hey, isso acontece, é normal. Até para um shonen de mistério sobrenatural, esse gênero que, quando feito corretamente, é uma mina de ouro. Principalmente quando você precisa parecer bom sem ter feito nada antes.
E a sinopse?
"Sumio Haiba é um colegial comum... Isso, se ignorarmos que ele guarda um grande segredo: ele possui o "Diário dos Sonhos", uma habilidade capaz de prever o futuro!!! Certo dia, uma existência misteriosa que se autointitula "Enigma" reuniu à força sete pessoas com talentos únicos como o Sumio! E agora começa a grande fuga deles enfrentando o próprio destino...!"
Admito que foi a sinopse que me pegou. SETE PESSOAS COM TALENTOS ÚNICOS. Eu gosto de diversidade de poderes e de grupos que os possuem. Por isso, logo imaginei que esta seria uma experiência agradável, divertida e, acima de tudo, com poderes bem elaborados. Sem contar o fator "mistério", que prende o leitor como um retardado até o fim do mangá, só para descobrir as verdades daquele mundo. Tipo como Bleach faz ainda hoje comigo. Ou como Lost fez com todos vocês.

Lição 2: Como deixar um leitor triste

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Fui feito igual uma bunda :3
E lá vou eu ler Enigma.
Sem nenhum pudor, o poder do "Diário dos Sonhos" é jogado na sua cara, sem background, sem desenvolvimento, nada. E as coisas vão tomar esse rumo: elas são jogadas demais. Parece que o mangá está com pressa pra te deixar curioso logo pelo mistério, então ele corta qualquer desenvolvimento de personagem. Sumio às vezes dorme do nada, e enquanto isso acontece, sua mão esquerda ganha vida própria e desenha no caderno mais próximo uma figura e um texto que prevê o futuro. Ele serve como um "herói" em sua escola, salvando pessoas indefesas de bullies e coisas do tipo. Sumio tem uma amiga, Shigeru, que é presidente do conselho de classe. Ou seja, é chata. E como a acompanhante feminina chata e sem importância, ela permanece do lado de Sumio pelo resto da história. Não temos tempo nem de achar ridículo o poder do garoto e já somos apresentados ao "Enigma". Que basicamente é um "Jogos Mortais sobrenatural". Sete adolescentes, incluindo a atrocidade que chamei de mascote da capa, presos dentro de uma escola. A própria escola que eles frequentam mesmo. A diferença é que ela está vazia e eles estão trancados ali dentro. Ah, e claro, tem uma voz maligna falando com eles, dizendo que eles terão que jogar um jogo.
Eu queria que isso fosse uma piada sem graça minha, mas não é. Isso realmente acontece. Incluindo um "avatar" bizarro cujo vilão usa para aparecer para os estudantes. E nesse jogo eles basicamente precisam encontrar chaves e senhas, escondidas atrás de "armadilhas" que precisam ser vencidas com inteligência e planejamento. Armadilhas essas que, claro, são mortais. Iguais aos Jogos.
Assim, qualquer esperança de que eu leria algo bem escrito/desenhado foi pra vala. Nada de bom uso de poderes, mistério bem construído, personagens bem feitos e cuja história você quer muito conhecer. Afinal, eu não estava lendo nem uma adaptação de Persona, muito menos um thriller policial como Death Note. Era a bosta de Enigma mesmo

Acima de tudo, NÃO CONFIE NESSAS CAPAS MARAVILHOSAS
Acima de tudo, NÃO CONFIE NESSAS CAPAS MARAVILHOSAS

Lição 3: Como deixar um leitor BEM PUTO

Essa é a hora que vocês esperavam, né? Vamos logo ao ponto.
ENIGMA É UM NOJO DE MANGÁ. Eu precisaria de muito tempo isolado da humanidade enquanto consumisse muitos tóxicos para poder desenvolver uma merda tão inacreditável como essa. Nem mesmo Cavaleiros do Zodíaco teve um efeito tão avassalador em mim, e olha que hoje eu sei o quão ruim o Kurumada é. Se eu fosse descrever Enigma como uma flor, seria o alface. Se fosse descrever como uma fruta, seria o tomate. Se fosse descrever como um país, seria o Vaticano.
Eu até agora não estou acreditando que consegui ser tão ludibriado a comprar uma obra tão pobre e ruim. Sem brincadeira, eu chorei sangue, esperma e outras secreções corporais enquanto meus olhos queimavam ao olhar as páginas aqui desenhadas e escritas. AONDE eu ia esperar um mangá tão morto e sem criatividade aparecer ali?
Bem, vamos melhorar essa análise. Conforme a trama da escola se desenvolve, descobrimos os poderes sobrenaturais de mais alunos. Afinal, é sobre isso que o mangá se trata. E, pra falar a verdade, esse é o único fator que vai te deixar com vontade de terminar de ler essa bujanga. Isso se, como eu, você não tiver um smartphone e/ou acesso instantâneo à internet. Nesse caso, faça como eu, depois que li o mangá, e pesquise todos os poderes dos alunos na wikia de Enigma. Faça esse favor pra si mesmo e poupe muitos traumas.
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E aí que esses poderes, bem, até que são diferentes. O garoto caolho consegue tornar coisas invisíveis. Mas não só coisas que existem ali com ele. Ele pode, por exemplo (na verdade, o único exemplo disso utilizado no mangá), tornar alguma pessoa em uma foto invisível. Assim, dá pra ver o que estava atrás da pessoa naquela cena. Um poder muito específico, usado em uma situação muito específica.
Uma outra garota tem como poder uma mão invisível desconectada do corpo que ela pode controlar remotamente. Essa mão é como uma mão qualquer, a diferença é que, além de invisível, ela deixa marcas pretas por onde toca, como se a mão fosse eternamente suja de tinta. Um poder um pouco melhorzinho, mas meio baseado em Elfen Lied demais. E fraco, acima de tudo.
Além desses poderes, tenho que avaliar os personagens. Dos sete, acredito que nenhum se salva. Muitos clichês, muitas pessoas que você não tem nem tempo de gostar direito. Problemas que você não consegue se simpatizar. Como o garoto do tapa-olho, Moto Hasekura. Ele tem problemas para usar seu poder. Travas emocionais, para ser exato. E infelizmente eu não consegui dar uma foda para essas crises dele. Elas vieram muito em cima da hora, em uma situação onde ele nem tinha tempo de desenvolver sua fraqueza. Simplesmente foi resolvida com o protagonista conversando.
A arte também não ajuda muito. Enquanto a capa tem um "quê" de Takeshi Obata, o miolo deste sanduíche de sonhos mortos tem um gosto bem mais amargo. O mangaká aqui não sabe fazer expressões. Novamente, existe uma sensação de pressa inacreditável, e até mesmo na arte nós vemos isso. São painéis inteiros desenhados de uma forma resumida, sem detalhes. É tudo muito simples e muito pobre. Até cheguei a me perguntar se estava lendo algum mangá brasileiro.
O principal problema, apesar de tudo isso que disse, é o protagonista. Acredito que é trabalho crucial de um mangaká fazer um protagonista minimamente bem desenvolvido, o suficiente para que o aguentemos enquanto exploramos o mundo daquela obra. Realmente existem mangás onde o protagonista é chato e detestável, mas ele pelo menos não nos cansa, não é um personagem que te deixa enjoado daquela cena e situação. E isso é exatamente o que acontece com Sumio. O rapaz é muito...eu não sei. Ele é muito protagonista pronto, sabe? Ele é um protagonista por encomenda, que já vem certinho, engomado, com papos chatos motivacionais e com um ar de superioridade que só o autor consegue usar. Você é praticamente obrigado a achar o rapaz alguém incrível, quando na verdade ele é um cancro pulsante que não deixa os coadjuvantes brilharem. Talvez sem ele, eu até teria alguma simpatia por Moto ou pela riquinha de 3 mãos. Pra mim, o maior pecado que você pode cometer ao escrever um mangá é criar o pior protagonista possível, e Enigma fez isso de tal forma que eu acredito que romperei as barreiras da saúde e da minha própria filosofia de vida e usarei este amontoado de papel para enrolar um cigarro e fumá-lo.

Resumo da obra: não fode

Como disse antes e reitero aqui, não irei dar nota. Eu acho que nota é algo que se dá para uma obra que você conseguiu acompanhar inteira, ou pelo menos é algo que edições únicas às vezes merecem por algum valor que foi lhe passado através da leitura. Enigma não entra nem nesse caso. É um desperdício de papel, um desperdício de tinta, um desperdício de esforço em tradução e diagramação. Enfim, é um desperdício de tempo. Afinal, estamos falando de um mangá feito por Kenji Sakaki, autora que nunca antes tinha feito nenhum mangá, apenas tinha sido assistente de Akira Amano, autora de Katekyo Hitman Reborn. Ah, acho que agora entendo o tapa-olho do rapaz :D
Outra curiosidade: Enigma é um mangá FRACASSADO. Foi cancelado em seu sétimo volume, não totalizando nem dois arcos de mangá. Ou seja, se você ainda tinha esperanças nos mistérios que a obra ia propor daqui para frente, desista. São 7 volumes, sendo que, pelo que li em outras resenhas, só metade vale a pena. O arco final é demasiadamente corrido e pouco tem do """""""""""""""""""valor"""""""""""""""""""" desse primeiro arco. E eu digo que, se ISSO QUE EU LI é o melhor de Enigma, então provavelmente o resto da obra é uma Relíquia da Morte e deveria ser destruída com leite, orações e muitas pauladas.

AOU E MCU, vão tomar no cu

Publicado originalmente em 29/05/2015
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Muitos atores querem uma estrela na calçada da fama. Muitos músicos querem um disco de platina na parede. Muitas celebridades esquecidas querem uma cadeira no Altas Horas para voltarem a ter relevância. Já eu nunca busquei nenhuma coroação máxima desse tipo. Sempre fui muito humilde, só buscava o entretenimento dos meus leitores. Eis que, em honra a méritos que eu nem sabia que tinha até agora, eu ganhei uma TAG.
O primeiro pensamento que eu devia ter é: "Eu não mereço tanto!"
O primeiro pensamento que vocês acham que eu devia ter é: "Mas ele não merece tanto!"
O primeiro pensamento que eu DE FATO tenho é: "CHUPA CARALHOOOOO!!! TENHO UMA TAG NESSA PORRA!!! CHOLA MAIS CALALHO!!!"
E é assim que eu inicio essa nova jornada. Toda sexta-feira você me verá por aqui, em uma coluna só minha, onde irei falar o que eu bem quiser. E você will deal with it.
Pra começar bem (e garantir aqueles cliques, já que aqui uma lista de fanarts de super-heróis tem o triplo de views de uma resenha de livro), irei abrir esse quadro com minha opinião sobre Vingadores: A Era de UltronE aproveitarei o espaço para também falar sobre o que me incomoda no Universo Cinematográfico da Marvel. Então peguem vossas pedras e se preparem para as críticas.
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Eu gostei do novo filme dos Vingadores. Bastante. Menos do que o primeiro, mas ainda em um nível muito grande. Não é nenhum divisor de águas, nem no nosso círculo do mundo real, nem no próprio Universo Cinematográfico da Marvel. Foi um "episódio" fechado, com nenhuma consequência que pareceu mudar tudo. Talvez seja esse o problema.
Vejam bem: eu sou marvete FORTE. Para mim, existe Marvel e existe concorrência. Se pudesse, estamparia os personagens no meu rosto e viveria o resto dos meus dias com uma mistura de orgulho e muito pouco amor próprio. E isso FORA dos cinemas. Quando chegamos no ramo cinematográfico, esse amor se multiplica. Porém, eu tenho grandes problemas com algumas coisas que eles insistem em fazer em seus filmes. E como vocês sabem, com grandes problemas, vem grandes responsabilidades.
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Meu ponto principal, e que será mais discutido aqui, é o teor alegre dos filmes. Veja bem, eu não quero que a Marvel vire o que por muito tempo tem sido a DC: um mar sépia e escuro de realidade pura, histórias deprimentes e sem espaço para o heroísmo "de raiz". No entanto, eu também não quero que tudo seja resolvido com muito amor, paz, solenidade e sem NENHUM trauma para ninguém.
Acredito que todos aqui assistiram o filme, então estão vacinados para o que eu vou dizer. Lá mais pro final do filme, quando a cidade de Sokovia está nos ares e o iminente perigo de um extermínio global é posto em discussão, eu senti que ALI seria o momento definitivo de toda a Fase 2 da MCU. A discussão "morte de mil X morte de milhões" era PERFEITA. Ambígua o suficiente para você não odiar apenas um dos lados. Uma situação que causaria debates entre fãs por anos. Lados teriam que ser tomados.
Durante todo o filme eu estava procurando detalhes e indícios do que causaria a ruptura dos Vingadores. Só poderia ser algum tipo de tragédia. E Joss Whedon soube brincar com isso. Várias cenas me deixaram pensando: "É AGORA, A PORRADA VAI COMER, VAI DAR MERDA!"
Cenas como a Feiticeira Escarlate bagunçando a mente de todos os Vingadores, a descoberta da criação de Ultron por parte de Tony Stark e sua falta de confiança no time, a cena icônica de Tony agarrando o cetro de Loki, a mini-briga que acontece segundos antes do nascimento do Visão. Tudo indicava que aquela equipe já não estava funcionando tão bem quanto devia, e eu achei inocentemente que a decisão de explodir ou não Sokovia seria o momento. Seria a versão de "Stamford" da MCU. O momento que dividiria a equipe e que também iniciaria os debates sobre o Registro Super-humano. Ah Adler, sua criança tola. O que temos na verdade é uma tremenda ajuda forçada. O Helicarrier da SHIELD, com Nick Fuckin Fury no comando, emparelha com o bloco de terra enorme e permite que todos os habitantes daquela cidadezinha possam se salvar, sem nenhuma consequência ou decisão moral a ser feita. Não temos aqui um filme adulto sobre super-heróis, mas sim uma aventura onde tudo dá certo porque sim. Nem mesmo metralhar o bucha do Mercúrio serve para fingir um "tom dark" no filme. Todos os Vingadores DEFECARAM EM BARRAS DE QUILO para o velocista grisalho.
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O filme termina e temos o "fim" dos Vingadores de uma forma bem...covarde. Hawkeye decidiu aposentar porque, se no Fantástico você pede a música depois de três gols, nos Vingadores você pede a conta depois de três filhos. Tony decidiu sair e tomar um tempo para si mesmo, provando os efeitos que o álcool faz na memória humana ao longo dos anos, já que o playboy milionário esqueceu que ele já tinha feito essa decisão anos atrás. O Hulk QUASE teve um final digno, indo para o espaço se exilar, mas preferiu parar ali na América Central para desfrutar de alguma república comunista. Thor, provando que pulou o Ensino Médio Nórdico e nunca assistiu o "Telecurso 10.000 AC", descobriu só agora que umas tais Jóias do Infinito existem e que, oras, talvez elas sejam poderosas o suficiente para ter alguém poderoso atrás delas. O que nos deixa com Capitão e Viúva, os dois órfãos de família e realidade que só sabem dar porrada.
Agora, apesar da reformulação da equipe com os coadjuvantes, o problema fica na "separação" do grupo. Pois Guerra Civil já está a todo vapor nas filmagens, com talvez tantos atores e heróis quanto os filmes da super equipe. Ou seja: dane-se. O que importa o Tony Ex-Tarque cansar de armaduras de ferro e ir pra casa criar uma fazenda com sua Pimenta Potts? O que importa o Hawkguy desistir de jogar MOBA todo dia e resolver experimentar um pouco de The Sims? No fim, estão todos de volta e nem se passaram DOIS FILMES (um, se você considerar Homem-Formiga como algo fora do contexto MCU).
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E os problemas que as visões da Feiticeira mostraram? Bulhufas. Tony "criou" o Mandarim em seu último filme, viu que fez merda, cansou de armaduras, tudo isso pra, na verdade, ele querer uma armadura ao redor do mundo. E foder tudo de novo, criando um robô psicopata e megalomaníaco. E aí, novamente, como uma criança que levou uma bronca e está de birra, ele volta para o seu cantinho do castigo e fica entediado até resolver aprontar outra merda, como eu sei que fará em Guerra Civil.
Não existem consequências no Universo Marvel. Tony diz ser o Homem de Ferro publicamente em seu primeiro filme, mas sua vida basicamente é a mesma em todos os 4 filmes dos quais ele participou em seguida. A SHIELD foi para a merda, seus segredos foram todos revelados e seus agentes caçados, mas nada impede esses agentes de brotarem um porta-aviões voador CHICANTE e o usarem para salvar ESTRANGEIROS. O mais bizarro é que, ao que tudo indica, essa boa ação com pessoas do outro lado do mundo foi suficiente para os EUA perdoarem a agência mais suja de espionagem de todo o globo, e darem para eles novamente as chaves de segurança da Terra, junto do grupo de heróis mais poderoso que já existiu. Nem mesmo DUAS invasões alienígenas no mundo foram suficientes para mudar a sociedade do mundo da Marvel, que em essência continua sendo o nosso mundinho real, só que com referências que o Capitão consegue entender.
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E vilões? Eu não quero começar a falar muito mal desse universo que eu amo tanto, mas até hoje existiram apenas dois vilões dignos nos filmes Marvel, e um deles nem era real. Sério, como eles conseguem fazer vilões tão insignificantes? Vilões que não te dão nenhum medo, não te passam nenhuma moral deturpada mas com um fundo de verdade. Em comparação, a Disney deu mais vilões incríveis e amáveis em 5 filmes do que o MCU deu em 11. Até hoje eu choro sangue pelo desperdício que fizeram com Ronan, além da forma ridícula como ele foi derrotado. Sim, eu odeio o final de Guardiões da Galáxia. E nisso pode incluir o Ultron, o robô mais... bobo que já vi. Eu esperava tanto peso negativo em seu personagem, e não uma versão mais cínica e incontrolada do Tony. Preciso comentar os "Trapalhões" que são a HYDRA?
guardians of the galaxy fanart by pabutte
Bem, fechando tudo: Vingadores - A Era de Ultron é sim um bom filme. Não o melhor da Marvel, mas muito longe de ser o pior. Sua comédia única, a interação do elenco e a ação icônica de HQs faz deste filme um grande avanço nas questões técnicas dos filmes Marvel. Apenas o roteiro e algumas bobagens suas, como o estigma de ser o filme do meio de uma trilogia da qual precisa explicar pontos ainda por vir, me incomodaram. Não tanto como eu faço parecer falando sobre o filme, mas suficiente para eu tirar horas cruciais do meu emprego fixo para poder escrever sobre.
Vamos ver se essa ação e esse gosto pelo filme continua depois de eu assistir Mad Max: Fury Road em IMAX. Talvez não sobrarão Gaviões e Visões para competir com OS PORTÕES DO VALHALLA (nem assisti o filme, mas sei que existe essa citação).