quinta-feira, 16 de abril de 2015

O que achei de Better Call Saul (1ª Temporada)

Poucas decisões me orgulham tanto quanto ter assinado a Netflix. Começou em 2013, na mesma época que a última parte da última temporada de Breaking Bad estava saindo. A série é quem foi responsável pela minha assinatura. Por dias e dias eu assistia 3 ou 4 episódios seguidos, cada um martelando mais uma estaca de puro amor e admiração em meu coração.

Como todos que a acompanharam, virei um órfão com o seu fim. Não tinha mais nenhuma saga do crime para acompanhar, nenhum professor de Química por quem eu pudesse torcer ou odiar.

Mas eis que surge um spin-off da série ligado à um dos melhores personagens, Saul Goodman. De cara, entendi que seria uma espécie de "comédia", já que o personagem nunca teve muitas cenas dramáticas ou sérias. Não vi nenhum trailer, só soube da participação de outro querido personagem (Mike Ehrmantraut) e aguardei a data de estreia no Netflix. Me sentei para assistir, dois anos depois daquele fatídico dia onde, em outro computador, em outro cômodo, eu conheci e me fascinei por Breaking Bad. O resultado não poderia ter sido melhor e mais surpreendente.



A ideia de comédia se foi em poucos segundos. A introdução da série se passa no futuro, após toda a tragédia que foi Breaking Bad. Em poucos minutos, e sem nenhuma fala, ela conseguiu me passar todo o "chorume" que restou de tudo isso para Saul. Eu diria que foi uma das melhores sequências da série, e uma que com certeza eu aguardo para ser revisitada.

Ao longo dos episódios, o clima depressivo foi se dissipando. Afinal, a série é, além de um spin-off, uma prequel. Uma origem. Uma que claramente era "inocente" perto do que viria na série principal. Saul, que aqui ainda se apresentava como Jimmy McGill, mal tinha experiência com a advocacia. Seus clientes continuavam os mesmos: criminosos pequenos e com poucas chances de absolvição. A diferença é o quanto Jimmy conseguia usar de artimanhas jurídicas para diminuir as penas.

Ainda assim, vemos o desenvolvimento de suas defesas e de suas táticas, nada limpas, para se promover e ter alguma vantagem. Se Walter White tinha o seu potencial para liderar um império do crime, Jimmy tem o seu potencial e a lábia para manipular e se safar do que quiser. É da sua natureza, e eu simplesmente adoro como ele nunca foge disso.


Se eles não estavam satisfeitos de me darem um "Saul Goodman Begins", de brinde temos a presença mais do que especial de Mike. Ainda acho que sua história merecia algum espaço mais próprio, mas da forma como ela é encaixada na série eu não tenho do que reclamar. É um prazer ouvir Jonathan Banks, o ator de Mike, falar e interagir. Um elemento que com certeza fez a diferença para a série no final.




A falta de personagens clássicos foi muito bem compensada por um novo elenco fortíssimo. Principalmente a escalação do irmão de Jimmy, Chuck McGill. Foi muito agradável e, depois de pensar bem, melancólico, ver o quão bem cercado de pessoas incríveis e companheiras estava Jimmy. Não muitos, mas com certeza as melhores companhias que ele poderia ter. É de se pensar o que pode ter dado tão errado para não os vermos mais em Breaking Bad.

O roteiro continua aquele bem inteligente e bem escrito. As falas de cada personagem, as cenas bem executadas. Eu sei que não entendo muito dos aspectos técnicos de cinema e séries, mas sei reconhecer um bom roteiro quando cada minúscula cena me prende de uma forma sem igual. As jogadas de câmeras continuam as mesmas, o que é muito bom. Ela filma de lugares que você não imaginaria que podem ter câmeras. Isso e sua fotografia garantem uma experiência muito agradável para qualquer apreciador de cinema. São takes incisivos e me faltam mais palavras inteligentes para poder falar desse aspecto. Provavelmente devo estar falando alguma merda. Tudo isso porque eu não queria parecer muito simples e garotão e dizer: "AS CENA É MUITO FODA." Mas é, elas são.



Tive meus problemas com o seu final. Até o penúltimo episódio, tudo caminhava para um turbilhão familiar que explodiria no colo de todos. Esperava uma grande virada de Jimmy, uma grande participação de Mike, um confronto legítimo para o caso que estava sendo trabalhado. Mas tudo foi largado para uma "recaída" do personagem principal. Uma que eu achei muito forçada para o último episódio. Talvez em outro momento eu a teria curtido, mas para fechar a série e mostrar como o personagem estava lidando com seus problemas, achei uma saída muito fácil. Queria mais emoção, queria uma morte que eu me importasse de fato, queria uma razão melhor para Jimmy virar Saul. Mas aconteceu como aconteceu, e agora eu preciso aceitar.



Se posso recomendar um só episódio, seria o sétimo, "Five-O". Ele é completamente separado do resto da história, é muito bem fechado e não necessita nenhum conhecimento prévio para ser apreciado. Com um pouco de percepção para ligar os pontos, é muito fácil de assistir.

Claro, eu recomendo a série inteira, mas não para quem não tem a bagagem emotiva de ter visto Breaking Bad, sugiro que volte atrás e arrume esse erro de personalidade. Se vai ver no Netflix, aproveite que as duas séries estão lá mesmo. Se for baixar, qual a dificuldade de baixar a outra primeiro?

Faça um favor a si mesmo e assista Breaking Bad. Só assim você poderia suspirar e curtir Better Call Saul como se deve.

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