sábado, 14 de fevereiro de 2015

O que tenho lido (Até Janeiro/2015)

Ler mangás nunca foi tão bom quanto atualmente. De repente, eu percebi que trabalhar e ter um gasto mensal definido com leitura nipônica casam muito bem. Assim, comecei a entrar no mundo dos mangás de papel ano passado, lá pro meio dele mais ou menos.

Oh, o quê? Sim, voltamos, qual é o alarde? Nah, chega dessa bullshit, só lê isso e já tá bom.

Como dizia, estou mangázeiro. Daqueles de banca, de raiz, trabalhador de todo dia que gasta o suor por tsunderes. Isso me trouxe muitas recomendações para fazer no blog. O problema é que eu levei 5 meses para voltar a escrever sobre ÔNIBUS DE MADRUGADA. Imaginem o quanto eu levarei para fazer um post desnecessariamente elaborado e cuidadoso para falar de todas as obras?

Bah, vamos simplificar, não?

Aqui, vou descrever o que eu tenho lido nesses últimos tempos, com sinopse, minha opinião e se eu recomendo.


Toriko


Volumes Publicados no Japão: 33
Volumes Publicados no Brasil: 11

Bem, vamos começar com o pior primeiro não é?

Eu já falei da ambígua viagem que é Toriko aqui. De lá para cá, eu li mais dois volumes e......bem, a minha opinião continua a mesma.

Não é nada que mereça atenção, principalmente com tantos outros mangás incríveis (e que já serão abordados) saindo junto. Também não é um pedaço de lixo, visto que eu o compro (para você comparar, eu não compro, por exemplo, nenhum jogo Katamari).

Ele fica nesse meio termo, nesse "meh, eu já comecei a ler e tá tudo evoluindo tão depressa, acho que vou continuar nessa montanha-russa".

O que posso dizer de novo é que as edições brasileiras estão bem tragáveis. Informações sobre todos os ingredientes que aparecem na obra dividem os capítulos, e a tradução em nenhum momento me irritou.

Recomendação: Neutra.



Green Blood


Volumes Publicados no Japão: 5
Volumes Publicados no Brasil: 2

Esse mangázinho simpático caiu no meu colo não faz nem um mês. Tinha ouvido falar brevemente sobre ele no Mangá², com o Kitsune fazendo sua tradicional recomendação jabazística. Curioso, e sempre atrás de novas séries, resolvi arriscar. Descobri um mangá bem simples em roteiro, o que não é nenhum demérito.

Green Blood se passa no século 19, em Nova York, quando essa era o cenário do filme "Gangues de Nova York". A premissa inclusive é bem parecida: filho de um membro de gangue desejando algum tipo de vingança contra gangues rivais. Nesse caso, o filho é Brad Burns, jovem adulto cabeludo que, de dia, é o irmão mais velho e vagabundo de Luke Burns (servindo como os nossos "olhos" nesse mangá). De noite, Brad se torna, não com a Lua Cheia, o temível assassino de aluguel conhecido como "Grim Reaper". Associado com a gangue "Grave Diggers", ele faz o trabalho sujo que lhe é passado em troca de pouco dinheiro, o suficiente para sustentar à si e ao irmão mais novo. Uma espécie de "anti-herói mascarado", ele claramente esconde essa vida de seu irmão, que, por sua vez, trabalha de verdade e por muito menos dinheiro do que Brad.

Dito isso, volto ao meu ponto: Green Blood tem uma premissa bem simples e modesta. Poucos personagens, nenhum duelo marcante em seu primeiro volume (que é o que eu li até agora), um "vilão" final definido logo de cara. Não dá pra saber o quanto disso era programado desde o início, já que a obra entrou em diversas pausas e longos hiatus durante sua publicação na Young Magazine. Isso me cheira à cancelamento, então talvez o mangá tivesse uma trama mais elaborada e comprida se não fossem os problemas pelos quais ela passou.

Está praticamente na mesma categoria que Toriko. Não fede e nem molha. Um mangá simples, com um traço ok e roteiro fácil de se ler. A vantagem, por outro lado, é que é uma obra bem curta. 5 volumes e você já completou sua coleção, pronta para ser vendida daqui há anos no Mercado Livre.

Recomendação: Ligeira.



Assassination Classroom


Volumes Publicados no Japão: 12
Volumes Publicados no Brasil: 4

No meio da corda, temos o mangá mais "de boa" que você vai encontrar aqui. Quero dizer, este definitivamente é um mangá que consegue agradar qualquer um. Sem violência gore, mas com violência. Sem romances complexos, mas com pseudo casais. Sem uma trama extremamente minuciosa, mas com segredos que você quer muito descobrir. E por fim, uma comédia muito boa que junta tudo isso e dá vida à obra.

A sinopse é: um belo dia na vida da Terra.... 
70% DA LUA EXPLODE!!!

O autor disso logo se apresenta para os líderes das nações. Ele é uma criatura medonha: uma cabeça amarela enorme com um corpo feito de vários tentáculos. Todas as armas do mundo são usadas contra ele, e mesmo assim nada surte efeito. Porém, mesmo com todo esse poder, a criatura resolve propôr um acordo com os líderes. Ele escolheria uma turma de escola de algum lugar do planeta para lecionar. Durante um ano, ele ensinaria tudo à esses alunos, não só as matérias normais, mas técnicas de assassinato. Apenas os alunos dessa classe teriam o direito de matar o professor. Porém, se eles não conseguissem, a criatura destruiria a Terra.

Agora, para deixar as coisas mais interessantes, a criatura (chamada pelos alunos de Koro-sensei) não escolhe qualquer turma, mas sim a pior turma de todo o Japão (é claro). Os piores alunos do Japão se encontram aqui, e isso não quer dizer que só temos arruaceiros. Pelo contrário, aqui estão alunos que, por terem falhado em algum teste, acabaram nessa sala. Conhecida como 3-E, essa turma é propositalmente tratada como ESCÓRIA. Sem brincadeira, a sala deles é separada de todas as outras, ficando em uma cabana sem nada por perto. O motivo disso tudo é que o diretor acredita que se existir uma turma ruim para sofrer todo o tipo de humilhação e castigo, as outras salas se sentirão melhor, e os alunos delas terão medo de acabar na castigada turma e se esforçarão mais para estudar.

Sabe o pior? Koro-sensei é o melhor professor que o mundo já viu. Por ser super rápido, ele consegue se dividir em diversos clones, e cada um dá o triplo de atenção que um aluno hoje em dia sonha em ter. Ele é, de fato, o melhor professor possível para essas crianças, e ainda assim elas precisam treinar dia e noite para poder matá-lo.

Eu, particularmente, me apaixonei por essa dinâmica. Depois de todas as tiradas cômicas que o mangá te dá (dá pra comparar o Koro-sensei com o Pernalonga, digamos assim), sobra uma mensagem muito poderosa e comovente de como essas crianças enfrentam praticamente o mundo inteiro contra elas. O preconceito, o bullying, o menosprezo. Tudo isso é muito bem trabalhado, sem perder o fio da comédia. É de fato o melhor mangá que eu posso te recomendar aqui, e acho que você devia ir fundo nele.

Recomendação: PRIORITÁRIA.



All You Need Is Kill


Volumes Publicados no Japão: 2
Volumes Publicados no Brasil: 2

Outra recomendação forte e simples. Temos aqui All You Need Is Kill, um mangá adaptado da light-novel do mesmo nome, escrito originalmente por Hiroshi Sakurazaka. Seus dois volumes foram lançados de uma só vez no mercado brasileiro, e hoje ainda é fácil você encontrar ambos nas bancas. O mangá veio depois, dessa vez escrito por QUEM SE IMPORTA e desenhado deliciosamente por Takeshi Obata, um tal desenhista de um tal de Death Note, conhece?

Posteriormente, virou um filme ocidental com Tom Cruise como protagonista. Eu não vi, mas já julgo uma merda.

A história é simples mas maneira: invasão alienígena na Terra. Os aliens, que são umas bolas escrotas com dentes e spikes, por incrível que pareça, já dominaram quase todo o planeta. Na investida decisiva, no Japão (claro), o protagonista, Keiji Kiriya, vai pra linha de frente sem muita experiência. Ele morre enquanto mata um alien, se banhando nas entranhas dele. Aquilo, de alguma forma, deu a capacidade de "reboot" para Keiji. Ou seja: toda vez que o rapaz morre, ele volta para a manhã daquele mesmo dia, acordando em sua cama como aconteceu. Ele acaba nesse loop temporal, morrendo e voltando. Quando finalmente entende que isso é uma puta vantagem e que pode mudar a guerra, bem, All You Need Is Kill começa.

Digo: eu amei esse mangá. De todas as maneiras. O roteiro fechado, os personagens, a trama, a arte, os diálogos, os twists.

Talvez por ser curto, o mangá tire vantagem de uma história mais dinâmica e corrida. Não há tempo para firulas ("filler" traduzido) ou bobagens. O tempo corre, apesar de sempre voltar ao início. O modo que Keiji decide usar o seu poder, a estratégia para sair desse inferno, a tragédia sendo repetida várias vezes. A transformação do personagem é bem rápida, mas completamente verossímil.

Uma ficção-científica com boa ação e sem covardia em seu final. E se tem algo que eu gosto em finais, é coragem para ir contra os desejos do leitor.

Recomendação: VOCÊ É UM BABACA SE NÃO TIVER SACO PRA LER DOIS VOLUMES.



Berserk


Volumes Publicados no Japão: 37
Volumes Publicados no Brasil: 3

Eu não sabia o quão essencial Berserk era para minha construção como adolescente revoltado até eu começar a comprar o relançamento dele, feito com muita qualidade e cuidado pela Panini. A obra visceral de Kentaro Miura tem o seu impacto importante na indústria. Seja a violência "bem roteirizada", a arte bruta e pesada, o roteiro sombrio. Berserk consegue te deixar muito mal, mas tudo entre porradas de ação. Claro, eu não acho que meu irmão de 5 anos deva ler, com certeza existe uma censura para essa obra, mas acredito que um adulto de mente aberta possa definitivamente se entreter com essa "dark fantasy" medieval.

A história, que é nebulosa em seus primeiros volumes, acompanha Guts, o "Espadachim Negro", em sua busca peregrina pelos "Apóstolos", servidores daqueles quem Guts mais odeia e busca aniquilar, os "God Hand". Cruzando e se juntando ao seu caminho está o elfo Puck, que mais parece uma fada. Enquanto Guts cuida de matar os monstros e apóstolos que impedem o seu caminho, Puck vai tentando entender o que é que leva um homem à tanto ódio e sede de vingança.

Repito: a história é pesada e bem sombria. Dificilmente você vai se pegar sorrindo enquanto lê. Provavelmente estará mais surpreendido por membros decepados, entranhas abertas e mulheres nuas. Praticamente uma bíblia do heavy metal. Sua arte e o seu design de monstros, em muitas horas, lembram capas de álbuns de metal. O sombreamento, as formas grotescas, os itens medievais espalhados. E digamos que sua leitura seria muito mais gostosa se você ouvisse Dio enquanto isso.

O enevoado passado de Guts, assim como as explicações sobre os demônios e criaturas desse mundo, te prendem fielmente ao mangá. Há muito que se saber, descobrir, testemunhar. Claro, a violência ajuda em MUITO aqui. É incrível ver o espadachim lutando com sua espada brutamonte e seu braço mecânico, equipado com uma besta e um canhão. Estou no terceiro volume, mas sinto que a violência e o desenvolvimento dos embates só crescerá ainda mais daqui para frente. Sinto que ainda não cheguei no ponto onde compreendo o que exatamente é Berserk, mas seu início já me deu muitos motivos para aguardar por esse momento.

Recomendação: Only if you got guts, heh?

Vinland Saga


Volumes Publicados no Japão: 15
Volumes Publicados no Brasil: 6

Por último mas não menos clichê do que todo mundo que usa esse termo, Vinland Saga. Talvez um dos mangás mais bem cuidados pela Panini, esse aqui é daquelas histórias simplesmente INCRÍVEIS. Digno de série da HBO.

A história, recheada de diversos fatos históricos, se ambienta na Inglaterra de 1013 DC, retratando as invasões vikings. O protagonista é Thorfinn, jovem de poucas palavras que está sob o comando de Askeladd, uma espécie de mercenário que está do lado do rei dinamarquês em sua campanha contra os anglo-saxões. O garoto, apesar da idade, é um dos melhores guerreiros de Askeladd, ainda que o combustível do jovem seja o desejo de vingança contra seu comandante. Nos volumes até então, sabemos do passado de Thorfinn, o motivo pelo qual segue Askeladd e a trajetória da guerra, introduzindo mais personagens memoráveis como o berserker Thorkell e o Príncipe Knut. O desenvolvimento de Thorfinn em um respeitável e temido guerreiro parece ser a promessa do título.

Como eu havia dito, eu considero este mangá aquele com a melhor história, em todos os seus pontos. Diferente de uma comédia emocional, de um shonen clássico de porrada ou de uma ficção bem elaborada, Vinland Saga é um conto com um ar de aventura único. Não só engrandece e entretém, mas também ensina sobre uma parte da História praticamente nula no Ensino Médio. É surpreendente ver o quão limitados historicamente somos por nossas raízes, o que nos impede de conhecer acontecimentos incríveis e figuras de destaque que já passaram por essa Terra.

A jornada de um garoto, sua relação com a vingança, o desenvolvimento espiritual e físico. Vinland Saga é um mangá para agarrar e não soltar mais. Você vai aguardar ansiosamente por mais um volume, enquanto se pergunta: "porque eu não posso ver toda essa trajetória incrível de uma vez só?"

Preciso avisar, é claro, que, por ser uma história de vikings e não de petúnias, esta obra claramente tem os dois pés na violência gráfica. QUASE nada que fuja do que era realmente o tipo de morte que acontecia naquela época, a brutalidade que guerras medievais deixavam nos campos. Ainda assim, não chega nada perto de Berserk, e de nenhuma forma vai te espantar.

Enfim, um mangá que me faz desejar conhecer Bernard Cornwell e assistir "Vikings" no Netflix.

Recomendação: Muito boa.

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