quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A culpa é do gordo #1 - Merda Estrangeira

Olá.
Como vão? Faz tempo né? Enfim...
Ao invés de gritar para o meu monitor por causa de desenhos animados se mexendo por 30 minutos, irei contar umas das minhas, segundo o dono desse blog vegetal, "aventuras descartáveis". Uma sequência que se chama A culpa é do gordo, porque se alguém peida no elevador, vão olhar para a pessoa que ocupa mais espaço.

Let's get to it!

Desde criança eu consegui aprender os básicos do inglês jogando vídeo games. Não sei se ainda é um método recomendado hoje em dia, mas já conheci algumas pessoas que aprenderam do mesmo jeito. Depois de um tempo, eu comecei a fazer um cursinho de inglês que me garantiu a habilidade de poder ver filmes sem legenda, tradução instantânea, e a verdadeira intenção do curso, conversação.
No último semestre, a professora perguntou aos alunos se já tiveram alguma interação com algum estrangeiro pessoalmente. Eu tive uma. E que fique claro que a história a seguir não foi um sonho. Foi (infelizmente) muito real.

Era noite, provavelmente umas 21h, e eu estava jogando Rogue Legacy no computador. Foi quando meu pai me abre a porta e fala:

-Filho, tem duas mulheres que falam inglês na sala e elas precisam de ajuda, tem como vir aqui?

Lentamente virei minha cabeça em direção a porta, olhando para o meu pai com uma cara de quem viu “A Fazenda” pela primeira vez.

-... Como? – disse.

Antes de me responder, meu pai foi em direção a sala e eu o seguindo. Nos deparamos com duas mulheres, uma estava encostada com as costas na parede e a outra sentada no sofá com as mãos na barriga. Coloquei de lado as perguntas que estavam na minha cabeça e fui falar com a mulher que estava sentada. Ela continuava a apertar seu estômago com uma expressão de muita dor.

- Hã... Tudo bem com você? – disse em inglês, assumindo que ela ia entender o que eu dizia.
- Não – respondeu, para a minha surpresa.
- O que aconteceu? O que está sentindo?

Ela me descreveu que a dor em sua barriga estava impossível de aguentar e que, por mais que tentava, não conseguia vomitar.

- Provavelmente foi à comida. – ela disse – Não me caiu muito bem...

Eu traduzi isso para o meu pai e para a outra mulher, que era a guia dela aparentemente. Antes de ter as minhas respostas, ofereci o meu outro banheiro à moça.
Na minha casa existem dois banheiros, um principal e outro secundário. O principal é relativamente grande e o único que tem chuveiro. O secundário é bem pequeno e somente usado para emergências. Infelizmente, banheiros pequenos tendem a ficar mais... “cheirosos” depois do uso, mas felizmente ele tinha uma janela. Uma pequena e miserável janela.
O banheiro secundário estava ocupado, o que eu achei esquisito, mas de novo, tem uma mulher estrangeira se cagando na minha sala, acho que posso deixar isso para depois. Mostrei o caminho para o banheiro principal para a moça, e voltei até meu pai procurando explicação.
Seguinte, isso foi em Julho de 2013, a época em que o novo Papa estava visitando o Brasil. As mulheres que estavam nos banheiros (tinha outra no banheiro secundário) vieram fazer a Jornada Mundial da Juventude ou algo assim e provavelmente comeram feijoada ou alguma merda em uma festa junina (julina?) e estão tendo uma diarréia em massa. O que ninguém me explica era o que eles estavam fazendo em um pequeno bairro em Guarulhos.


"Sorry bro" -Papa Francisco, 2013

Então, aquela situação era bem merda pra elas (HA!), mas eu estava sentindo uma pessoa boa. Ofereci banheiro para estrangeiras que beberam cinco litros de suco de laranja Activia e ainda falo a língua delas. Pois é, tudo certo com o mundo. Até eu ver a rua em frente da minha casa. Tinha um ônibus com aproximadamente dez pessoas em volta e todas com cara de desgosto e dor, e suas mãos em volta da barriga.

“Ah não”, pensei.

Sim, todas aquelas dez pessoas desconhecidas fizeram um rodízio nos banheiros da minha casa. Tive a chance de falar com um cara que parecia da minha idade e perguntei o que eles tinham comido. Ele levou a mão até sua cara, uma singela lágrima escorreu de seu olho e disse: “Eu não sei”.
Depois disso tudo, aquele pessoal foi embora, sem dizer obrigado nem nada. Eu sei que eles estavam com a bunda ardendo tanto que dava até pra fritar um ovo e queriam ir embora logo, mas eles largaram o barro na minha casa. Até hoje eu me arrependo de não ter cobrado dinheiro pelo uso do banheiro.
E como o velho ditado dizia: “Nenhuma boa ação vem sem punição”, o banheiro secundário estava sem água, então até o dia seguinte, tinha merda estrangeira boiando naquela privada.


Minha reação ao abrir o banheiro
Essa é minha história. Como deve imaginar, o pessoal do curso riu bastante dela, menos eu claro. Mas aqui vai um fun fact: No dia seguinte que isso aconteceu, foi o evento do MRG lá na Paulista que foi onde conheci o Adler. Talvez tenha um simbolismo ai, mas eu não sou tão inteligente pra perceber.

Tchau.

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