Como vão? Faz tempo né? Enfim...
Ao invés de gritar para o meu monitor por causa de desenhos animados se mexendo por 30 minutos, irei contar umas das minhas, segundo o dono desse blog vegetal, "aventuras descartáveis". Uma sequência que se chama A culpa é do gordo, porque se alguém peida no elevador, vão olhar para a pessoa que ocupa mais espaço.
Let's get to it!
Desde criança eu consegui aprender os básicos do inglês jogando vídeo games. Não sei se ainda é um método recomendado hoje em dia, mas já conheci algumas pessoas que aprenderam do mesmo jeito. Depois de um tempo, eu comecei a fazer um cursinho de inglês que me garantiu a habilidade de poder ver filmes sem legenda, tradução instantânea, e a verdadeira intenção do curso, conversação.
No último semestre, a professora perguntou aos alunos se já tiveram alguma interação com algum estrangeiro pessoalmente. Eu tive uma. E que fique claro que a história a seguir não foi um sonho. Foi (infelizmente) muito real.
Era noite, provavelmente umas 21h, e eu estava jogando Rogue Legacy no computador. Foi quando meu pai me abre a porta e fala:
-Filho, tem duas mulheres que falam inglês na sala e elas precisam de ajuda, tem como vir aqui?
Lentamente virei minha cabeça em direção a porta, olhando para o meu pai com uma cara de quem viu “A Fazenda” pela primeira vez.
-... Como? – disse.
Antes de me responder, meu pai foi em direção a sala e eu o seguindo. Nos deparamos com duas mulheres, uma estava encostada com as costas na parede e a outra sentada no sofá com as mãos na barriga. Coloquei de lado as perguntas que estavam na minha cabeça e fui falar com a mulher que estava sentada. Ela continuava a apertar seu estômago com uma expressão de muita dor.
- Hã... Tudo bem com você? – disse em inglês, assumindo que ela ia entender o que eu dizia.
- Não – respondeu, para a minha surpresa.
- O que aconteceu? O que está sentindo?
Ela me descreveu que a dor em sua barriga estava impossível de aguentar e que, por mais que tentava, não conseguia vomitar.
- Provavelmente foi à comida. – ela disse – Não me caiu muito bem...
Eu traduzi isso para o meu pai e para a outra mulher, que era a guia dela aparentemente. Antes de ter as minhas respostas, ofereci o meu outro banheiro à moça.
Na minha casa existem dois banheiros, um principal e outro secundário. O principal é relativamente grande e o único que tem chuveiro. O secundário é bem pequeno e somente usado para emergências. Infelizmente, banheiros pequenos tendem a ficar mais... “cheirosos” depois do uso, mas felizmente ele tinha uma janela. Uma pequena e miserável janela.
O banheiro secundário estava ocupado, o que eu achei esquisito, mas de novo, tem uma mulher estrangeira se cagando na minha sala, acho que posso deixar isso para depois. Mostrei o caminho para o banheiro principal para a moça, e voltei até meu pai procurando explicação.
Seguinte, isso foi em Julho de 2013, a época em que o novo Papa estava visitando o Brasil. As mulheres que estavam nos banheiros (tinha outra no banheiro secundário) vieram fazer a Jornada Mundial da Juventude ou algo assim e provavelmente comeram feijoada ou alguma merda em uma festa junina (julina?) e estão tendo uma diarréia em massa. O que ninguém me explica era o que eles estavam fazendo em um pequeno bairro em Guarulhos.
"Sorry bro" -Papa Francisco, 2013 |
Então, aquela situação era bem merda pra elas (HA!), mas eu estava sentindo uma pessoa boa. Ofereci banheiro para estrangeiras que beberam cinco litros de suco de laranja Activia e ainda falo a língua delas. Pois é, tudo certo com o mundo. Até eu ver a rua em frente da minha casa. Tinha um ônibus com aproximadamente dez pessoas em volta e todas com cara de desgosto e dor, e suas mãos em volta da barriga.
“Ah não”, pensei.
Sim, todas aquelas dez pessoas desconhecidas fizeram um rodízio nos banheiros da minha casa. Tive a chance de falar com um cara que parecia da minha idade e perguntei o que eles tinham comido. Ele levou a mão até sua cara, uma singela lágrima escorreu de seu olho e disse: “Eu não sei”.
Depois disso tudo, aquele pessoal foi embora, sem dizer obrigado nem nada. Eu sei que eles estavam com a bunda ardendo tanto que dava até pra fritar um ovo e queriam ir embora logo, mas eles largaram o barro na minha casa. Até hoje eu me arrependo de não ter cobrado dinheiro pelo uso do banheiro.
E como o velho ditado dizia: “Nenhuma boa ação vem sem punição”, o banheiro secundário estava sem água, então até o dia seguinte, tinha merda estrangeira boiando naquela privada.
Minha reação ao abrir o banheiro |
Tchau.
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